Categoria critica projeto apresentado por Yeda e ameaça entrar
em greve se propostas forem aprovadas pelo parlamento
Milhares de PMs desafiram o governo e o próprio comando da Brigada Militar, na manhã de ontem. Eles ameaçaram iniciar uma greve caso o pacote encaminhado pela governadora Yeda Crusius, em tramitação na Assembleia, seja aprovado pelos deputados.
O conjunto de medidas propõe reajustes salariais, mas exige que a categoria contribua com mais dinheiro para a Previdência (veja quadro). Com o Teatro Dante Barone, no Palácio Farroupilha, inteiramente lotado, servidores fardados e à paisana promoveram uma tensa manifestação contra o comandante-geral da Brigada Militar, João Carlos Trindade, vaiaram deputados e, ao visitarem gabinetes, pediram a urgente derrubada dos projetos da governadora.
Pressionados pelos PMs, governistas já começaram a mudar o discurso. Quem antes defendia o regime de urgência dos projetos – o pacote seria votado até o dia 11 –, agora afirma que “é ótimo podermos discutir”, como é o caso do líder do Piratini na Assembleia, Pedro Westphalen (PP):
– O governo até já reconhece algumas distorções que precisam ser revistas. E ninguém faz um projeto para prejudicar uma categoria.
Os maiores descontentes com o pacote de Yeda são militares que ocupam postos intermediários na corporação, como sargentos, tenentes e capitães. É que os projetos da governadora, além de preverem maior contribuição de todos os militares à Previdência, destinam reajustes maiores para as classes mais elevadas (oficiais como major, tenente-coronel e coronel) e para os que ganham menos – os soldados recebem hoje o menor salário do país, de R$ 1.007, e passariam a receber R$ 1,2 mil.
– A Brigada Militar é uma só, o percentual de aumentos precisa ser linear. Yeda quer aumentar o abismo salarial entre os brigadianos – protesta o presidente da Associação dos Servidores de Nível Médio da BM, soldado Leonel Lucas.
Se a base governista da Assembleia começa a ceder à pressão, o comandante da BM – apontado pela Casa Civil como o condutor das negociações –, se mantém irredutível. Diz que as tratativas duraram mais de um ano e que, agora, acabaram.
– E quero tranquilizar a população: greve não vai ocorrer. É proibido por lei – disse o coronel, que não compareceu à reunião dos PMs.
– Não temos direito a greve, mas ninguém tem direito de negar um salário digno – rebateu Lucas.
Enquanto centenas de militares se aglomeravam às portas do Dante Barone para ouvir o que ocorria lá dentro, colegas brigadianos formavam um cordão de isolamento em frente ao Palácio Piratini. Um dos deputados que compareceram ao encontro, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) foi o único que se arriscou a defender o pacote do Executivo:
– Compreendo que os reajustes possam ser maiores. Mas eu nunca vou votar contra um projeto que aumenta salários de quem ganha pouco.
Marchezan foi vaiado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito obrigado por postar sua opinião.